REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ADOLESCENTES SOBRE O CONSUMO DE ÁLCOOL: IMPLICAÇÕES DO RELACIONAMENTO FAMILIAR

Introdução: O alcoolismo é um problema de saúde pública presente na atualidade e que atinge diversas faixas etárias, inclusive na adolescência. Nessa fase, destaca-se o processo de mudanças de ordem biopsicossocial, onde o adolescente recebe em seu convívio familiar ou de amigos, a influência para o consumo de álcool. O despertar da curiosidade e o desejo por independência são fatores que contribuem para a dependência no álcool cada vez mais cedo. Por esse motivo, a Teoria das Representações Sociais busca, através do objeto psicossocial, entender as ações de adolescentes frente a esse consumo e as inferências na vida familiar para elaboração dessas representações. Objetivo: Identificar as representações sociais dos adolescentes sobre as bebidas alcoólicas a partir de suas histórias de vida e analisar as implicações do relacionamento familiar para a produção dessas representações. Método: Pesquisa do tipo descritivo com uma abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio do método de história de vida, utilizando entrevistas semiestruturadas e aplicou-se, ainda, um questionário para a identificação do perfil sociocultural da amostra. Foi utilizado a técnica de análise de conteúdo temático, dando especial atenção à repetição de temas no material coletado. Resultados: No perfil sociocultural da amostra houveram 40 participantes, 30 homens e 10 mulheres. Todos eram de baixa renda, predominantemente de fundamental incompleto, onde o lazer mais adotado é o futebol e festas, 21 dos participantes eram evangélicos e todos tinham saneamento básico precário e conviviam com até 15 pessoas na família. Comumente a figura feminina é a responsável financeira e doméstica de um lar, entretanto, na maioria das vezes, é colocada como membro familiar que ajuda o homem historicamente conhecido como o provedor do lar. As cargas impostas sobre a mulher, acarretam em pressões intensas as quais muitas precisam recorrer ao uso de bebida alcoólica, no qual o filho adolescente pode adquirir o desejo pelo consumo ou criar aversão pela ingestão. Ademais, foi relatado que a liberdade ao qual os pais proporcionaram na infância considera se esse período foi bom ou ruim, pois a representação desses indivíduos frente a liberdade associa-se com relações interpessoais e de aceitação no meio social do adolescente que culmina com o uso de bebidas alcoólicas estimulada pelas mídias e o acesso facilitado por ser droga lícita e em baixo custo benefício. Além disso, constatou-se que a boa relação com os pais não é um fator que impeça a curiosidade ou consumo indiscriminado da bebida. Entretanto, relações familiares conflituosas provocam o abuso do álcool e a inserção na criminalidade, pois o relacionamento tóxico entre os membros da família ocasiona a aproximação com pessoas externas e que exercem influência negativa à ingestão da bebida. Conclusão: Logo, a representação desses adolescentes frente ao consumo de álcool está ligada a aceitação no meio social, na constituição familiar que possui aspectos positivos e negativos a depender da relação interpessoal entre membros e no papel da mulher líder do lar que, devido as pressões emocionais e financeiras, consome de forma abusiva o álcool e expõe o adolescente ao vício.